sábado, fevereiro 24, 2007

Afinal para que é que o design serve?

Sabemos todos o papel que a diferenciação através do design pode dar aos produtos de uma empresa, nos resultados da empresa e consequentemente no PIB dum país em que a maioria das empresas se socorre de design, praticado por profissionais licenciados, mestrados e doutorados.

É uma prática contrária à concorrência por baixo preço que todos sabemos que progride por reduções de custos operacionais e que no limite apenas a organização óptima sairá vencedora até que uma outra organização óptima num país com menos exigências sociais e custos salariais a destrone e a coloque sem vantagem competitiva e a caminho da falência. É este a constante do paradigma que temos assistido na maioria das empresas nacionais, e que está bem traduzida nos indicadores de exportação de valor face a volume, na ineficiência da importação de matérias e na exportação de produtos. Sem produtos novos constantemente não poderemos auspiciar taxas de crescimento para além das que temos.

A mudança constante dos produtos, para além de gerar valor, dificulta a cópia por parte das empresas de países com custos menores. Temos de instituir uma cultura de criar valor através do desenvolvimento de novos produtos, garantido o seu registo e assim a exclusividade de uso, e dificultar a vida às empresas que copiem.

Já vimos pelos variados prémios que o design português tem atingido (a Galp fornece e distribui combustíveis, não concebe bilhas) e irá continuar a acumular e cada vez mais a vender trabalho de concepção para fora.

O design é um instrumento estratégico de crescimento macroeconómico que, com uma metodologia criativa de desenvolvimento e promovendo a mudança, permite reduzir ineficiências, acumular valor num produto, diferenciá-lo face à concorrência, de uma forma sustentável, e traduzindo nos resultados a cultura da envolvente indo ao encontro das expectativas que o utilizador ou mercado ambicionam.

O designer é o agente que promove o design. Faz com que o design aconteça.

O design é um dos sectores que mais tem crescido nos últimos 30 anos (que coincidem com a existência de cursos e do associativismo), seja em volume seja em valor, seja na quantidade de agentes, e não pode continuar a ser negligenciado ou interpretado de forma leviana. Tem que ser analisado pelos especialistas no campo.

A taxa de crescimento de licenciados tem sido de 9% ao ano desde 1990, tendo sido formados 11932 designers (MCTES-DGES) e estimamos que hajam 18000 profissionais no mercado de trabalho. Contudo se olharmos para os indicadores de resultados, nem em Patentes, nem em Marcas, nem em Desenhos e Modelos atingimos os valores das economias que crescem e que gostaríamos de atingir.

Assim, é importante salientar junto dos agentes económicos, empresas organismos públicos e privados que o design é um grande motor de inovação ainda pouco utilizado em Portugal, mas que cada vez mais carece de investimento.

Acreditamos que será um bom investimento!

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