segunda-feira, janeiro 29, 2007

Quem é que sabe consumir?

O design é fundamental para um são desenvolvimento económico, contribuindo para distinguir, criar identidade, criar carisma, aos produtos, serviços e marcas, garantindo um retorno mais eficaz do investimento, através duma positiva imagem junto do utilizador que é o principal activo de uma organização.

Não podemos permitir que os designers, os profissionais por excelência que atribuem uma dimensão humana aos objectos ou signos, não efectuem o seu principal investimento no sentido de melhorar a relação entre as pessoas e as coisas, entre as pessoas e as mensagens, entre as pessoas e as pessoas.

Actualmente, a cultura material que deveria ser uma constante na sociedade de consumo, apresenta-se num grave défice, havendo uma falta de conhecimento sobre as coisas, sobre como funcionam, para que servem, quais as mais eficientes do ponto de vista energético e ambiental, havendo ainda por cima uma teimosia de conhecimento argumentativo que se traduz em ignorantes classificações dos objectos.

Nos três pilares do conhecimento, o ouvir/falar, o pensar/deduzir, o ver/conceber, apenas dois são considerados fundamentais na educação dos nossos jovens, contribuindo assim para uma calamidade do ponto de vista do consumo.

É que consumir é realmente uma coisa que não se ensina, mas que se aprende, e que poucos sabem.

Trabalhar por mim ou por conta de outrém?

O mercado de trabalho em design é extremamente flexível. Cada vez há menos empregos para toda a vida, e a dinâmica de rotatividade é fundamental para manter o espírito fresco.

Com o mercado orientado para os trabalhadores independentes, com cada vez mais empresas a reduzirem e a colocarem o mais possível as actividades em "outsourcing", surgem grandes oportunidades para os designers se mostrarem empreendedores e assim conseguirem uma regularidade de trabalho que já não se encontra com facilidade no trabalho por conta de outrém.

O próprio estado, como grande empregador que sempre foi, cada vez mais irá abdicar de recorrer a contratações, passando a adjudicar serviços externamente, seja a agências, seja a trabalhadores independentes.

O risco actualmente acaba por ser igual ou inferior entre trabalhar por conta própria ou por conta de outrém, logo cada vez mais na escolha entre ser patrão ou ser empregado, acaba por ser previligiado o ser patrão.

Numa fase em que Portugal procura subir na cadeia de valor, as actividades criativas são fundamentais, não como valor acrescentado, mas como valor em si mesmo.

O que nos diz a investigação, é que a tecnologia quanto mais madura e difundida está, maior a dificuldade em diferenciar os produtos ou serviços, especialmente através da exclusividade tecnológica. Sendo certo que apenas um competidor se diferencia por apresentar custos mais reduzidos e um outro por apresentar maior qualidade ou desempenho, todos os outros terão de investir num carisma próprio, geralmente denominado por "marca", mas que é criado artificialmente através de detalhadas especificações de desenvolvimento atribuídas ao designer.

A marca carece de um investimento continuado, cultivado, podado, para que possa dar frutos. Esta será tanto mais distinta quanto maior a sua diferenciação.

Assim os designers deverão promover mesmo como empreendedores uma pressão constante sobre o investimento nas marcas, garantindo assim o seu desenvolvimento e difusão.

São os designers que podem empreender e assim contribuir para a subida económica que tanto aguardamos, com a sua motivação para criar e desenvolver novas formas de estar.