sábado, novembro 04, 2006

Mais Inovação nas Nossas Empresas.

Segundo vários estudos recentemente publicados, Portugal apresenta claramente um défice de investimento e aplicação de investigação e desenvolvimento, nomeadamente no sector empresarial.

Três estudos em particular, dois sobre rankings de empresas (“Department of Trade and Industry, DTI” do Reino Unido (RU) intitulado “R&D Scoreboard 2004” que identifica as principais empresas que desenvolvem actividades de I&D no RU, e “Monitoring Industrial Research: the 2004 EU Industrial R&D Investment Scoreboard”) e outro intitulado “European Innovation Scoreboard (EIS) 2004, Comparative Analysis of Innovation Performance” publicado pela União Europeia (que analisa a performance dos países europeus, a 15, a 25, e com os EUA e o Japão e alguns países da Europa, não pertencentes à EU), não apresentam boas perspectivas para Portugal.

De facto, não há nem uma única empresa portuguesa no Top 700 em I&D (Scoreboard do RU), nem no TOP 500 da UE, mas também é necessário frisar que, das empresas que lideram em I&D, 85% são oriundas de cinco países, EUA, Japão, Alemanha, França e Reino Unido (Scoreboard do RU). Outros aspectos menos positivos são a pequena quantidade de patentes apresentadas por Portugal, facto também revelado no estudo da EU e o fraco desempenho em termos educativos dos recursos humanos nacionais.

Segundo a Estratégia de Lisboa, resultante do Conselho Europeu de Lisboa em Março de 2000, é necessário recorrer a uma reformulação de todas as macro políticas no sentido de caminharmos para este tipo de economia. Foram aí definidos objectivos claros da União Europeia, até 2010, na senda pela liderança da economia que se apresenta como crucial no séc. XXI, a Economia do Conhecimento.

Partindo também de um pressuposto positivista, Portugal para continuar a crescer, terá que caminhar no sentido de competir cada vez mais com os países que estão no Top 25 mundial em desenvolvimento e produtividade.

Assim, como afirma Lord Sainsbury of Turville, Parliamentary Under Secretary of State for Science and Innovation, do RU, “a Inovação é o coração do crescimento da produtividade, e a Investigação e Desenvolvimento são dois factores-chave da Inovação.” ( in R&D Scoreboard, 2004:16).

Ou seja, cada vez mais é necessário que as empresas portuguesas desenvolvam produtos recorrendo a tecnologia desenvolvida pelos centros de investigação, Laboratórios do Estado e Universidades, ou mesmo solicitando investigação específica para utilização nesses produtos ou no seu processamento.

Para isto deverão criar mecanismos de comunicação com os Centros de Investigação para poderem proceder ao desenvolvimento e comercialização dessas novas tecnologias. Terão que contar com interlocutores com formação em transferência de tecnologia que dominem estes processos. Estes poderão ser contratados para os quadros das empresas ou ocasionalmente como consultores.

Deverão também contar com centros de pesquisa de mercado para que estes avaliem as necessidades de futuro próximo dos mercados que se determinem como destinatários dos seus produtos, para poderem orientar correctamente o desenvolvimento dos novos produtos.

É certo que apenas surgirão patentes se houver interesse de aplicação comercial de novas tecnologias e soluções. Ou seja, também os centros de investigação devem orientar a sua actividade com vista à aplicação comercial de parte dos seus desenvolvimentos, podendo inclusive assim usufruir de mais financiamentos dando prioridade para as tecnologias mais urgentes.

Novos investimentos nos recursos humanos, na criação de novo conhecimento, na transmissão e aplicação desse conhecimento, são fundamentais para alcançarmos estes objectivos assumidos pela UE em Lisboa.

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